Na época em que Jesus nasceu, era construído nos Fóruns Imperiais, em Roma, o Templo de Marte Vingador, onde, poucos anos depois, Pôncio Pilatos teria jurado fidelidade ao imperador antes de partir para a sua missão na Judeia.
Contato de guia brasileira na Itália
O sacrifício de Pôncio Pilatos ao deus Marte e o julgamento de Jesus Cristo
Passeando pela avenida dos Fóruns Imperiais, identificamos claramente esse templo, localizado entre os Mercados de Trajano e os restos do Fórum de Nerva com suas famosas colunas.
Do Templo de Marte Vingador sobrou somente o alto pódio com a sua escadaria de mármore e algumas colunas à direita, para quem olha de frente para o templo.
O seu estado de relativa conservação depende do fato que foi transformado em igreja, a Santíssima Anunciação, a qual depois foi demolida na época fascista para as escavações dos Fóruns.
Batalha de Filipos e a vingança de Marte
Augusto já havia decidido pela edificação do templo, em 42 a.C, como ato votivo antes da Batalha de Filipos contra os assassinos de Júlio César, de forma que o deus o apoiasse neste ato de vingança: Marte era invocado para vingar o homicídio perpetrado pelos conjurados.
O Templo de Marte Vingador, porém, só foi terminado em 2 a.C.
A partir de então, a memória da Batalha de Filipos torna-se o motivo pelo qual a todos os chefes do exército romano, assim como aos chefes da administração imperial das várias províncias, é pedido um sacrifício próprio naquele templo para homenagear o deus da vingança contra os inimigos de Roma.
A memória da derrota sofrida pelos conjurados devia ser inculcada em todos os representantes do poder romano nas diversas províncias, de forma que soubessem quais consequências sofreriam em caso de traição.
O sacrifício de Pôncio Pilatos ao deus Marte Vingador
Pôncio Pilatos ofereceu, assim, sacrifícios a Marte Vingador, no templo a ele dedicado, antes de partir em missão como prefeito da Judeia (magistratura que cobriu de 26 a 36 d.C.).
Com a morte de Augusto, sucedeu-lhe Tibério, que tinha edificado, sempre no mesmo templo, os arcos de Druso e de Germânico.
Contato de guia brasileira na Itália
Somente com os imperadores sucessivos, o título de prefeito foi modificado para procurador.
Jesus nasceu durante o reinado de César Otaviano Augusto, mas foi sob o imperadorTibério que ele foi crucificado, sendo Pôncio Pilatos o prefeito da Judeia.
Nos evangelhos, o nome de Pilatos já é lembrado em relação à predicação de João Batista:
E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judeia, e Herodes tetrarca da Galileia, e seu irmão Filipe tetrarca da Itureia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene,
Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias. (Lc 3,1-2).
O interrogatório de Jesus
Lucas, sempre muito atento em situar a vicissitude de Cristo nas coordenadas históricas do tempo, chamando por nome os reinantes da Síria-Palestina e da Judeia, lembra como os fatos relacionados a João Batista aconteceram “na época de Pôncio Pilatos”.
O próprio Jesus foi, pelo menos uma vez, interrogado pelo seu futuro juiz, quando
apresentaram-se alguns para lhe referir o fato de aqueles galileus, cujo sangue Pilatos tinha feito escorrer junto àquele do sacrifício deles.
Tomando a palavra, Jesus disse a eles:
E, naquele mesmo tempo, estavam presentes ali alguns que lhe falavam dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. E, respondendo Jesus, disse-lhes: Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. (Lc 13,1-3).
Pôncio Pilatos lava as mãos perante a multidão
O governador romano aparece prepotentemente na cena do acontecimento evangélico em ocasião do processo de Jesus.
Somente Mateus lembra que, quando Pilatos percebeu que não estava obtendo nenhum resultado, mas, pelo contrário, estava iniciando um tumulto, mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse:
Estou inocente do sangue deste homem; a responsabilidade é de vocês. (Mt 27,24),
mas é certo que aquele gesto exprime bem a sua condescendência culpada perante o sinédrio que quer a morte de Jesus, já que Cristo se fez “igual a Deus”.
A crucificação do Jesus “blasfemador”
Pilatos compreende que Jesus é absolutamente perigoso, pois assim também são seus discípulos: decide, porém, pela crucificação por medo de que os sumos sacerdotes comecem uma revolta contra o poder romano se ele não tivesse decretado a supressão do Jesus “blasfemador”.

Os Atos dos Apóstolos veem nesse evento não somente um fato histórico, mas também a realização da profecia do Salmos 2, que preanunciava uma misteriosa aliança entre o povo de Israel e as nações pagãs contra o Senhor e o seu Messias:
De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com o povo de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste. (At 4,27).
Fonte: Tradução livre minha do texto em italiano do Professor Andrea Lonardo.