Ainda era a Idade Média quando, na França, despontou uma mulher, nascida na Itália, que foi a primeira pessoa do sexo feminino a se tornar uma escritora profissional e a lutar pela igualdade de gênero no Ocidente: Cristina da Pizzano (Christine de Pizan, em francês).
Se hoje, em pleno século XXI, o movimento feminista continua a sua incansável batalha em vários países do mundo, esta italiana, crescida na França, já no longínquo final do século XIV, demonstrou que as mulheres não eram inferiores aos homens e provou a sua capacidade intelectual ao fazer das letras a sua profissão.
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ÍNDICE
- origens de cristina da pizzano
- a família se muda para paris
- o matrimônio de cristina
- mortes na família
- cristina “vira um homem” para lutar pela sobrevivência
- o início da carreira literária de cristina
- poesias pessoal e amorosa
- melhoramento da situação econômica
- protegida por franceses potentes
- o merecido título de humanista
- o ponto de mudança na carreira literária
Cristina da Pizzano: primeira escritora profissional e feminista da história ocidental
Origens de Cristina da Pizzano
Cristina da Pizzano (Christine de Pizan/Pisan, em francês) nasceu em Veneza, em 1365. Seu pai chamava-se Tommaso di Benvenuto (ou Tommaso da Pizzano/Tommaso da Bologna) e sua mãe era filha de Tommaso Mondini da Forlì.
O sobrenome de Cristina, Pizzano, deriva das propriedades que a família paterna possuía no território de Pizzano, um distrito de Monterenzio, província de Bolonha, Emília-Romanha.
Seu pai estudou Medicina na Universidade de Bolonha antes de ensinar Astrologia, entre 1344 e 1356, na mesma universidade.
Um condiscípulo de Tommaso di Benvenuto, Tommaso Mondini da Forlì, foi para Veneza e os dois “Tommaso” passaram a servir a República Veneziana em qualidade de conselheiros.
Tommaso di Benvenuto casou-se com a filha de Tommaso Mondini da Forlì e o casal teve três filhos: Cristina, Paolo e Aghinolfo.
Já em Bolonha, para onde havia retornado alguns meses após o nascimento de Cristina, para organizar algumas coisas, Tommaso recebeu dois convites bastante lisonjeiros: um por parte do rei da Hungria, Luís I, o Grande, e o outro por parte do rei da França, Carlos V.
Os dois soberanos, informados da competência astrológica de Tommaso, procuravam obter seus serviços.
Tommaso optou pelo rei da França, do qual admirava a sabedoria. O rei, da parte sua, admirava as qualidades do astrólogo ao ponto de convidá-lo a morar junto à sua corte e transferir sua família para a França a cargo da Coroa.
A família se muda para Paris
Depois de ter recusado por 3 anos, Tommaso aceitou. Por volta do final de 1369, Cristina, com somente 4 anos, atravessou os Alpes junto com a mãe e os irmãos. Chegaram a Paris e foram apresentados ao rei em dezembro daquele mesmo ano.
A infância de Cristina foi feliz: Carlos V enchia seu pai de benefícios porque apreciava não somente o seu talento de astrólogo, mas também os conselhos políticos (parece que Tommaso tenha participado da reaproximação, em 1377, entre o reino da França e a República de Veneza).
Tommaso se preocupou de oferecer à filha, apesar de ser do sexo feminino, uma cultura literária da qual ela saberia desfrutar no futuro.
Quando Cristina atingiu a idade matrimonial, a ótima reputação do pai junto ao rei lhe rendeu várias propostas vantajosas.
A escolha de Tommaso recaiu, no final, sobre um jovem cavalheiro picardo, Étienne Castel, talvez menos rico dos outros pretendentes, mas seu pai pertencia à casa do rei francês.
O matrimônio de Cristina
O matrimônio aconteceu no início de 1380: Cristina tinha 15 anos, Étiene, 24, e ele logo conseguiu um trabalho no escritório de tabelionato e secretaria do rei. A prosperidade da família do astrólogo, provido de boas rendas e de doações de todos os tipos por parte do rei e de seus irmãos, estava, então, no seu apogeu.
Tudo mudou com a morte de Carlos V, em 16 de setembro de 1380. Tommaso continuou a servir a corte, mas a sua reputação começou a cair. Vítima de uma campanha contra a Astrologia, da qual Philippe de Mézières era um dos representantes, ou mais provavelmente das intrigas dos rivais invejosos do favor do qual desfrutou na época do rei defunto, Tommaso viu diminuir as suas entradas, as quais cessaram por completo por volta de 1385.
Falecimento do pai e viuvez
Por fim, após uma longa doença, o pai de Cristina faleceu em 1387. Éthienne Castel tornou-se, então, o chefe da família, mas por pouco tempo: ele sucumbiu, também, a uma epidemia, no final de 1390, durante uma viagem a Beauvais.
Cristina ficou viúva com 25 anos, depois de 10 anos de um casamento feliz, do qual lamentará sempre o seu fim prematuro e brutal. Foi obrigada a tomar o timão da família: seus dois irmãos retornaram à Itália, para as propriedades do pai, mas a mãe, seus três filhos pequenos e uma sobrinha ficaram sob sua responsabilidade.
Era uma tarefa árdua para Cristina: Tommaso, ao que parece, não tinha sabido administrar com inteligência os seus bens e Éthienne Castel sobreviveu pouco tempo para poder restabelecer solidamente a situação econômica da família.
A educação de Cristina, de resto, não foi para educá-la a resolver os complicados problemas jurídicos e financeiros que ela tinha de enfrentar. O salário do marido não lhe foi mais pago ou ela recebeu-o irregularmente. A posse dos bens de seu pai foi-lhe contestada.
Cristina “vira um homem” para lutar pela sua sobrevivência e de sua família
Por quase 15 anos, Cristina passou de um processo a outro junto à Câmara dos Condes de Paris, onde a sua condição de mulher e de viúva a tornavam especialmente vulnerável perante a desonestidade e a impertinência de seus adversários.
Ela foi, no final, obrigada a operar simbolicamente em si mesma aquela “mutação” que está na base de um de seus livros mais importantes: transformar-se em homem.
Com as dificuldades que teve de enfrentar no decorrer da última década do século XIV, Cristina encontrou uma solução inédita: usando o seu conhecimento e o tato herdado do pai, tornou-se o primeiro escritor profissional da literatura francesa.
Ninguém, antes dela, tido sido obrigado, a tal ponto das circunstâncias da vida, a ter de viver da própria escrita, assim como a se preocupar de perseguir a própria carreira com tanta habilidade.
O início da carreira literária de Cristina
A necessidade e as oportunidades levaram Cristina a fazer as suas primeiras tentativas literárias: para assegurar a proteção dos amigos, que ainda mantinha na corte desde a época de sua temporada brilhante, ela lhes endereçou poesias que pertenciam a gêneros bem codificados e deliciavam o público culto do século XIV: baladas, virelai ou rondeau.
Dedicou-se, acima de tudo, à poesia lírica, ilustrada, antes dela, por Guillaume de Machaut, Jean Froissart e, sobretudo, por aquele que ela considerava o seu mestre: Eustache Deschamps.
Ela nunca abandonou completamente esses gêneros, todavia, a maior parte dos textos contidos no primeiro volume da edição de M. Roy (Oeuvres poétiques de Christine de Pisan) remontam ao início de sua carreira de escritora (1394-1400): as Cent ballades, dezesseis Virelais, quatro Ballades d’estrange façon, dois Lais, sessenta e nove Rondeaux, setenta Jèuxa vendre, e, ainda, cinquenta e três Ballades de divers propos, um pouco tardias, e duas Complaintes amoureuses.
Os temas desenvolvidos nessa poesia de corte são variados: com exceção para algumas composições de caráter político, trata-se, quase sempre, de poesia pessoal ou amorosa.
Poesias pessoal e amorosa
Cristina invoca a sua experiência, as dores da viuvez, as suas dificuldades materiais, para atirar, sim, compaixão, mas ligando sempre os seus problemas individuais a questões de moral que já permitiam intraver o seu gosto pela filosofia.
Poesia amorosa: descrevendo segundo o modo cortês as diferentes fases e os diferentes aspectos do amor, a poetisa orna temas convencionais seguindo a linha de Guillaume de Machaut.
Como para cada poesia medieval, a questão da sinceridade biográfica dos seus escritos nem é questionável.
Apesar disso, pode-se falar de sinceridade de sentimentos: para tal escopo, adota sempre o ponto de vista feminino, aliás, feminista, e escolhe por endereçar esses poemas a homens como Charles d’Albret, Louis de Sancerre, Jean de Cháteaumorant, que se passavam como campeões das virtudes corteses na corte de Carlos VI e Cristina reivindica-os como protetores.
Melhoramento da situação econômica
De qualquer forma, essa estratégia revelou-se profícua e a situação material de Cristina parece ter melhorado no curso dos últimos anos do século: o conde de Salisbury, Jean de Montaigu, assumiu um de seus filhos, Jean Castel, de treze anos, e o levou à Inglaterra, em 1397.
Após a morte do conde e a de Ricardo II de Inglaterra, o rei Henrique IV tentou reter, sem sucesso, o rapaz e de convencer a mãe a ir para junto do filho. Ela recusou a oferta de um soberano “desleal” e acomodou o filho na casa do duque de Borgonha (depois de uma vã tentativa junto a Luís de Orléans).
Ao mesmo tempo, conseguiu acomodar a filha no priorado das dominicanas de Saint-Louis de Poissy, nas redondezas de Paris. A própria Cristina foi convidada a voltar à Itália, junto à corte de João Galeácio Visconti, que desejava tê-la a seu serviço, mas Cristina recusou por ser muito ligada à França.
Protegida por franceses potentes
Na verdade, ela começava a desfrutar da proteção de mecenas bem potentes; daí em diante, foi sempre protegida por um ou por outro dos príncipes consanguíneos, os tios e os primos do rei, sem, porém, jamais parecer subjugada.
Por volta de 1400, a sua preferência era por Luís de Orleans, o brilhante cavaleiro.
Ademais, ela aproveitou esses anos para aprimorar a sua cultura literária, lendo com afinco as obras dos historiadores, dos moralistas e dos poetas.
Por quanto deduzível do estudo de suas fontes, a sabedoria que Cristina adquiriu foi extensa e eclética, indo dos autores antigos – Ovídio, Públio Valério Máximo, Flávio Vegécio, o pseudo-Sêneca (Martinho de Braga), Boécio – aos contemporâneos, como Jacques Legrand e as grandes compilações medievais, como os Miroirs, de Vincent de Beauvais, ou a Histoire ancienne jusqu’à César.
O merecido título de humanista
Cristina também conhecia bem as obras de seus compatriotas Dante Alighieri, Boccaccio e Cecco d’Ascoli. Tinha, portanto, uma cultura moderna que lhe conferiu o justo título de humanista.
Deve-se notar, todavia, que ela cita sempre os escritos antigos de traduções francesas.
Desfrutando de uma relativa segurança material e possuindo um vasto e sólido conhecimento intelectual, Cristina podia dedicar-se, abandonando as composições leves, à grande obra filosófica que queria interprender.
O ponto de mudança na carreira literária
Por volta de 1402, coloca-se provavelmente o ponto de mudança na carreira literária de Cristina. A ocasião foi a “Querelle”, do Roman de la Rose.
A obra de Jean de Meun havia entusiasmado os humanistas Jean de Montreuil, preboste de Lille, Gontier Col, secretário do rei, e seu irmão Pierre.
Cristina expressou ser contrária veemente, desde 1399, data de composição da sua Epistre au dieu d’amours, contra o naturalismo e, sobretudo, contra o antifeminismo do Roman de la Rose.
O debate assim foi aberto e várias cartas foram trocadas. Cristina tinha do seu lado a autoridade esmagadora do chanceler Gerson e o apoio do preboste de Paris, Guillaume de Tignonville, e do Mestre de Boucicaut, fundador da Ordre de la dame blanche à l’écu vert (Ordem da Dama Branca com o Escudo Verde, tradução livre).
Em fevereiro de 1402, Cristina tomou a iniciativa de levar o debate político ao público, dedicando à rainha uma coleção de Epistres du debat sur le Roman de la Rose.
O dossiê, sob o véu de uma objetividade aparente (a palavra é concedida também aos representantes do partido adversário) é construído com grande habilidade e com o escopo de impor o ponto de vista dos adversários do Roman como o único racional.
As reações de Jean de Montreuil e dos irmãos Gontier e Pierre Col foram contra a dos autores da obra.
Figura literária de alto nível
Esse episódio representa uma operação publicitária muito bem sucedida: na conclusão da polêmica, da qual foi instigadora e grande triunfadora, Cristina apareceu logo como uma figura literária de primeiro nível.
Já em junho de 1402, ela mandou copiar uma primeira coleção de suas obras completas e a dar início às suas grandes obras morais e filosóficas com a certeza de encontrar um público leitor (o que, devido à sua condição de mulher, seria praticamente impossível).
Não se pode dizer, porém, que Cristina, ao confundir seus adversários com uma habilidade perfeita, tivesse se comportado em modo desonesto durante esse episódio polêmico.
Mergulhou a fundo na batalha para defender um ponto de vista que coincidia perfeitamente com as suas ideias (o Dit de la Rose, escrito na mesma época, comprova-o), a favor do feminismo, pelo menos a nível intelectual.
Os anos 1402-1407 foram para Cristina um período de produção intensa que maravilha pelo número e extensão de suas composições num breve espaço de tempo.
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Obra histórica mais importante de Cristina
O Livre des fais et bonnes meurs du sage roy Charles V, escrito em 1404, em prosa, é a obra histórica mais importante de Cristina.
Inúmeras anedotas servem para ilustrar sucessivamente as virtudes morais, as capacidades guerreiras e as qualidades intelectuais do rei, do qual, paralelamente, vem narrada a biografia.
Mas este livro é também um retrato do soberano ideal, no qual se reconhece nitidamente a figura do comitente da obra: o duque de Borgonha, Felipe d’Ardito, que morreu antes de vê-la completada.
A Cidade das Damas
O Livre de la Cité des dames (O Livro da Cidade das Damas ou Livro da Cidade de Senhoras), composto no início de 1405, é um panfleto feminista.
Para responder à misoginia extremista expressa em Les Lamentations, de Mattheolus, Cristina enumera e descreve as ações de uma longa série de mulheres ilustres.
A maior parte dos exemplos são tirados do Demulieribusclaris, de Boccaccio. A obra, amplamente recopiada, teve um grande sucesso e foi traduzida em holandês no mesmo século XV.
O Avision é um conto alegórico bastante obscuro, no qual Cristina narra os encontros feitos num sonho entre uma dama coroada (a França) e a Opinião, isto é, a Filosofia.
Sob a forma velada da alegoria, adverte-se na primeira parte a inquietação que sente a autora pela situação política do país. Na terceira parte, exemplificada sobre o De Consolatione, de Boécio, Cristina fornece os detalhes mais ricos de sua biografia.
Essas preocupações políticas refletem-se nas Lettre a Isabel da Baviera, Rainha da França, escrita em 5 de outubro de 1405: Cristina pede à rainha da França para acalmar a tensão crescente entre os duques de Orléans e de Borgonha e de fazer de tudo para impedir a guerra civil.
A produção de Cristina se interrompe provisoriamente durante os anos difíceis de 1408 e 1409. É necessário esperar até 1410 para que produza três novas obras em prosa.
Um silêncio longo 10 anos
A partir de 1418, Cristina se fecha em um silêncio que durará mais de 10 anos. No momento da tomada de Paris por parte dos Borguinhões, ela fugiu da cidade em revolta e do massacre para se retirar em um mosteiro – talvez aquele de Poissy, onde a filha era monja – e meditar com desespero sobre as desgraças da sua pátria de adoção.
Retomou a última palavra, pela última vez, para celebrar com entusiasmo, no final de julho de 1429, em um Ditié a la Pucelle, as empresas de Joana d’Arc, que tinha conseguido liberar Orléans do assédio e a fazer coroar o rei Carlos VII, em Reims.
Na pastora lorena, encarnam-se idealmente as duas causas pelas quais Cristina havia sempre combatido: a da feminidade e a da França.
Assim, o seu canto do cisne é um canto de esperança.
Falecimento de Cristina da Pizzano
Parece que, na verdade, como supõe a historiadora francesa Suzanne Solente (1895-1978), Cristina morreu antes da captura e do suplício de Joana d’Arc, isto é, em 1430.
De qualquer forma, é um fato que Cristina não era mais viva em 1434, data em que Guillebert de Metz fez o seu elogio ao imperfeito.
Mulher completamente das Letras, não somente pela sua habilidade ao perseguir a sua carreira, mas também pelo cuidado com o qual se ocupou pessoalmente da difusão das suas obras.
Há vários manuscritos autógrafos seus e, sobretudo, magníficos exemplares de dedicatórias que ela mandou copiar e miniar, soberbamente, nos melhores ateliês de Paris antes de endereçá-los aos “princes des fleurs de lys“.
Política editorial
A escolha das dedicatórias nas diversas obras leva a marca de uma “política editorial” extremamente elaborada.
A política de Cristina, no sentido próprio do termo, parece, em vez disso, muito mais flutuante, porque em poucos anos passou sucessivamente ao serviço daqueles “irmãos inimigos”: os duques d’Orléans, de Borgonha e de Berry.
Falou-se muito que se tratou de uma linha de conduta oportunista, ditada pela necessidade do momento.
De fato, o ideal político que ela expressou em toda a sua obra não mudou nunca: consiste em um desejo de paz civil que requeria a concórdia dos diferentes “états” e uma concepção vigorosa do crescimento do bem público.
Um e outro podiam ser garantidos somente por um rei digno, incontestado e circundado de conselheiros iluminados e desinteressados.
Esta firmeza sobre os princípios explica paradoxalmente a sucessão dos atos de fidelidade de Cristina a vários príncipes: visto a incapacidade de Carlos VI, nada mais que um símbolo, no início ela se dirigiu naturalmente ao brilhante duque d’Orléans, o príncipe cortês por excelência, cuja superficialidade não demorou muito para desiludi-la.
Assim, Cristina colocou suas esperanças em Filipe, o Audaz, reformador ambicioso, mas prudente, que, desgraçadamente, morreu em 1404 e cujo filho, João sem Medo, não realizou as promessas que eram esperadas da casa de Borgonha.
Com seus excessos demagógicos, provocou uma cadeia de revoltas populares que horrorizou Cristina, obrigada, então, a se dirigir, por falta de um melhor, ao velho duque de Berry – que encarnava, pelo menos, uma certa continuação – e em direção ao delfim, esperança do reino.
A revolta de Paris em 1418
Se Cristina fugiu perante a revolta parisiense de 1418 foi porque esta revolta não era considerada neutral: a sua coragem política a colocava em sério perigo de vida.
Cristina faz parte do grupo dos escritores do Medievo francês destinados a uma grande fortuna póstuma. A sua obra, amplamente lida e copiada, depois impressa no decorrer dos séculos XV e XVI, conheceu a eclipse inevitável no século XVII.
A redescoberta de Cristina da Pizzano
Redescoberta pelos historiadores, por volta da metade do século XVIII, sem nunca ter sido esquecida por completo, desde então é incessantemente estudada e até mesmo usada por nacionalistas e feministas.
Se hoje suscita numerosos estudos eruditos de alta qualidade, não é, porém, a mais lida, já que não é mais legível: a sua vastidão, a dificuldade da língua, a natureza das técnicas literárias adotadas impede o acesso ao grande público.
O nome de Cristina, como símbolo da criação literária feminina na Idade Média, continua, todavia, a falar para a memória coletiva.
Lista completa das obras de Cristina
- Enseignements moraux (1395)
- L’Épistre au Dieu d’amours (1399)
- L’Épistre de Othéa a Hector (1399–1400)
- Dit de la Rose (1402)
- Cent Ballades d’Amant et de Dame, Virelays, Rondeaux (1402)
- Le Chemin de long estude (1403)
- Livre de la mutation de fortune (1403)
- La Pastoure (1403)
- Le Livre des fais et bonnes meurs du sage roy Charles V (1404)
- Le Livre de la cité des dames (1405)
- Le Livre des trois vertus (1405)
- L’Avision de Christine (1405)
- Livre du corps de policie (1407)
- Livre des fais d’armes et de chevalerie (1410)
- Livre de paix (1413)
- Epistre de la prison de vie humaine (1418)
- Les sept psaumes allégorisés
- Ditié de Jehanne d’Arc (1429)
Filme sobre Cristina da Pizzano
Em 2010, foi lançado nos cinemas italianos o filme Christine Cristina, da diretora italiana Stefania Sandrelli.
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*Texto traduzido e adaptado por mim do original em italiano “Cristina da Pizzano“, Enciclopedia Treccani.