A Basílica de Santa Cruz (Basilica di Santa Croce), em Florença, é um dos maiores exemplos do gótico na Itália e é a maior igreja franciscana do mundo.
Pude visitá-la duas vezes: a primeira, em 2007, e a segunda, em novembro de 2016, especialmente para admirar A Última Ceia, de Giorgio Vasari.
A basílica foi realizada com o dinheiro da população da Antiga República Florentina, sobre uma pequena igreja que os frades, em 1252, tinham construído fora dos muros da cidade.
O plano de edificação da nova igreja, fundada em 1294, foi de responsabilidade de Arnolfo di Cambio, o maior arquiteto daquela época.
⛪ Basílica de Santa Cruz, Florença: arte, espiritualidade e túmulos de personagens notáveis
Com a sua arquitetura gótica imponente, os seus ciclos de afrescos, os retábulos de altar, as preciosas vidraças e as numerosas esculturas, a Basílica de Santa Cruz representa um dos marcos da história da arte florentina a partir do século XIII.

No seu interior, há obras-primas de Cimabue, Giotto, Maso di Banco, Giovanni da Milano, Brunelleschi, Michelozzo, Donatello, Domenico Veneziano, Della Robbia, Benedetto da Maiano, Giuliano da San Gallo, Bronzino, Giorgio Vasari, Canova e outros.
A presença de Giotto e de toda a sua escola, em particular, faz dessa basílica um compêndio extraordinariamente completo da arte do século XIV.
Panteão das glórias italianas
Durante os sete séculos a partir da sua fundação, a basílica foi várias vezes projetada e redesenhada, assumindo sempre novos valores simbólicos: de igreja franciscana a edifício religioso com funções civis para as grandes famílias e as corporações da Florença medicea, de laboratório e ateliê artístico a centro teológico, de panteão das glórias italianas a lugar de referência, no século XIX, da história política da nova nação italiana.

Na Basilica di Santa Croce estão guardadas as raízes daquela cultura e daqueles valores sobre os quais, unificado o território italiano, foram formadas e educadas as gerações de italianos.
Sepulturas de personagens históricos
Definida por Foscolo como o Templo das Glórias Italianas, Santa Croce abriga túmulos de grandes personagens da história ocidental: Michelangelo, Galileo Galilei, Gioacchino Rossini, Foscolo, Maquiavel, Alfieri, etc.).
Os espaços anexados à Basílica de Santa Cruz formam um conjunto arquitetônico que, ao redor de quatro claustros – claustro do noviciado, claustro antigo, claustro de Arnolfo e claustro brunelleschiano – oferece percursos de visita pela renascentista Capela Pazzi, Museu dell’Opera e Cenáculo.
A Última Ceia
Nos espaços do museu atual e do Grande Refeitório, com o grande afresco de Taddeo Gaddi, representando A Última Ceia, dominada pela Árvore da Vida, podemos ver o grande Crucifixo de madeira de Cimabue, obra ilustre e símbolo da grande enchente de 1966.
Em novembro de 2016, também voltou a ser exibida A Última Ceia, de Giorgio Vasari, e eu tive a oportunidade de vê-la ao vivo em uma das minhas idas a Florença.
Além disso, os visitantes podem admirar os afrescos destacados do Triunfo da Morte, de Andrea Orcagna, a Descida ao Limbo, de Agnolo Bronzino, e obras de Alessandro Allori, Salviati, Cigoli, Della Robbia, Donatello, Giotto, Domenico Veneziano, Nardo di Cione, Lorenzo Monaco, Pietro Nelli, Lorenzo di Niccolò.
Galileo Galilei e sua sepultura
Galileo Galilei tinha expresso, antes de morrer, o seu desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Cruz, onde estão sepultados os seus pais e grande parte de sua família, incluindo o seu antenado homônimo.
No seu falecimento, em 8 de janeiro de 1642, muitos intelectuais florentinos, dentre eles um de seus alunos mais devotos, Vincenzo Viviani, e o estudioso Giovanni Lami, procuraram garantir uma sepultura para Galileo Galilei na Basílica, apesar de ele ter sido uma pessoa non grata para a igreja…
Primeiro, os seus restos mortais foram colocados na Capela Medicea, em um cômodo um pouco escondido à esquerda do altar.
Somente noventa anos depois, em 1737, foi possível passar os restos mortais para o sepulcro que hoje podemos admirar no interior da Basílica e que foi celebrado também em uma poesia de Ugo Foscolo.

Uma curiosidade imperdível!
A tumba de Galileo Galilei encontra-se exatamente em frente àquela de Michelangelo Buonarroti, que morreu poucos dias antes do nascimento de Galileo, como se o destino quisesse dar continuação ao gênio florentino colocando um de frente para o outro: o maior artista e o maior cientista.

Um pouco distante do sepulcro de Galileo Galilei, no mesmo lado da igreja, está situada também a tumba da família Barberini, da qual provém o papa Urbano VIII, que excomungou Galileo Galilei junto ao Tribunal da Santa Inquisição e cujo sobrinho, o cardeal Francesco Barberini, escreveu para o inquisidor de Florença, Giovanni Muzzarelli, aconselhando-o a não aceitar a sepultura do cientista na igreja florentina.

ℹ️ Informações para visitar a Basilica di Santa Croce, em Florença
Santa Cruz é um complexo monumental que compreende a Basílica, Capela Pazzi, o Museu dell’Opera, o Cenáculo, três claustros e espaços internos e externos que fazem parte do percurso de visita.
🌐 Para todas as informações atualizadas sobre horários e ingressos, consulte o site oficial da Basilica di Santa Croce.
*Fontes: Sites In Toscana e Casa Buonarroti.
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