Conhecer os charmosos canais de Navigli, em Milão, é um dos passeios que muitos turistas decidem fazer quando visitam essa cidade lombarda.
Estive lá em setembro deste ano e, para você que já conhece esse cantinho milanês, ou que vai pela primeira vez, eis um interessante texto sobre a origem dos canais de Navigli por mão de, nada mais nada menos, o grande gênio Leonardo da Vinci.
Bairro Navigli, em Milão: Leonardo da Vinci projetou os seus canais
Naviglio = canal navegável
No século XIX, o advento das ferrovias e a invenção do motor favoreceram os transportes ferroviários e estradais e diminuiram cada vez mais a importância dos Navigli como sistema de comunicação.
Em Milão, a rede do Naviglio interno começou a causar preocupações higiências devido à água poluída e constituiu, também, um obstáculo à expansão da cidade.
Em 1480, poucos anos antes da chegada de Leonardo a Milão, o florentino Giovanni Ridolfi destacou a operosidade da cidade.
Milão, delimitada pelos Navigli, usou o fossado defensivo cosntruído entre 1157 e 1158 para a irrigação dos campos, o movimento das rodas hidráulicas e a navegação.
VOCÊ SABIA QUE…
Dentre os Navigli Milaneses, Leonardo da Vinci dá mais atenção ao Naviglio Grande.
Os vários desenhos contidos nos códigos provam como o interesse de Leonardo da Vinci pelas obras hidráulicas e pela água não seja que um aspecto do seu método de observação e representação da paisagem ao ser, ao mesmo tempo, artístico, naturalístico e de engenharia.
“Vale 50 ducados de ouro e rende 125 mil ducados por ano o Naviglio, o qual é longo 40 milhas e largo 20 braças.”
Leonardo da Vinci: além de grande artista, um grande engenheiro
Leonardo da Vinci dá grande atenção às obras realizadas pelos “hidráulicos práticos” e, principalmente, pelos manufatos dos Navigli e a resistência de suas espondas.
“Nenhum canal que saia fora dos rios será durável se a água do rio onde nasce não está integralmente fechado como o Canal di Martigiana (Martesana) e aquele que sai do Tesino (il Naviglio Grande).” – Cod Atl. f. 184 v.
O sistema hidroviário do Ducado, dotado de pequenos portos e de depósitos de materiais, consente a Milão de receber, com menos despesas, peras, cal, grãos, ferro e, sobretudo, madeira. Remedia-se assim à falta do grande rio.
Leonardo observa as embarcações nos Navigli.
“Os barcos maiores que são construídos são largos 7 braças e 1/2, longos 42 braças e altos de esponda 1 braça e 1/2.“
Leonardo, observando e coletando dados de alguns pequenos portos em uso na região de Milão, descreve (ou projeta?) alguns melhoramentos, como o desenho dos degraus e o inserimento de uma pequena porta dentro das portas em forma de ângulo.
Canais navegáveis: o coração de Milão
Depois deFilarete, que projetou Sforzinda, uma cidade ideal em homenagem a Francesco Sforza, Leonardo também é fascinado pela ideia de planejar uma cidade como um organismo formalmente completo.
Durante a estadia em Vigevano, cidade querida aos Sforza, Leonardo descreve uma engenhosa obra de saneamento dos terrenos pantanosos feita por meio da água.
A “escada de Vigevano”, descrita por Leonardo, é inicialmente usada para sanear e, em seguida, levar a água por um fosso em forte inclinação: é um manufato de grande interesse, seja pela técnica de saneamento, seja pela de irrigação.
O domínio francês em Milão
Durante o domínio francês, Leonardo estuda dois traçados dos canais para completar a navegação entre Milão e o Lago de Como, percurso já possível entre Trezzo sull’Adda e Milão graças ao Naviglio della Martesana, mas impraticável no trajeto vorticoso de Adda em correspondência à Gola di Paderno.
Em um rascunho que ilustra os Lagos Brianzoli, o Lambro e a parte terminal do Lago de Lecco, Leonardo leva em consideração um canal que vá do lago ao Lambro e, por fim, até Milão.
Essa hipótese, logo descartada, tem o mérito de presentear à cartografia lombarda a primeira imagem dos lagos menores, até então completamente ignorados pelos cartógrafos.
Em 1506, Leonardo é encarregado de proejtar uma nova residência para o governador de Milão, Charles d’Amboise.
Esse encargo lhe dá a ocasião de estudar o Nirone e a Fontelunga, os dois cursos de água que delimitavam a área escolhida.
Os pequenos canais derivados teriam que alimentar os jogos d’água do “Jardim das Delícias” e servir para o escoamento da água suja.
Após a morte de Leonardo, seus estudos e propostas para os canais de Navigli foram retomados por outros engenheiros.
O Naviglio de Paderno, inicialmente financiado por Francisco I, foi projetado por Giuseppe Meda, pintor e grande engenheiro, na segunda metade do século XVI.
Porém, vrios problemas técnicos e financeiros interrompem as obras por volta do fim daquele século.
A obra vem terminada em 1777 por iniciativa da administração austríaca.
Como chegar ao bairro Navigli, Milão
No mapa acima, está o mesmo percurso que fiz a pé do Duomo de Milão até o bairro Navigli (fiz o trajeto que passa pelas Colunas de São Lourenço).
Para quem não está com pressa e quer apreciar a cidade tranquilamente, usar as pernas é mais do que indicado: faz bem à saúde e ao bolso.
Documentário sobre uma obra-prima de Leonardo da Vinci
Tours privados com guia brasileira em Milão
*Referência bibliográfica: Tradução minha, pra este post, de “Leonardo, Milano e l’acqua“. Museo Nazionale Scienza e Tecnologia Leonardo da Vinci.
**Esta postagem contém links de parceiros afiliados. Saiba mais sobre a Política de Monetização do blogue.
1 comment