Em agosto de 2015, visitei o Estádio do imperador Domiciano (Stadio di Domiziano, em italiano), situado entre Praça Navona, Praça dei Tor Sanguigna e Via di Tor Sanguigna.
Quando visitei este sítio arqueológico, estava em exibição a interessantíssima mostra “Gladiatori e Agoni Sportivi. Armi ed armature dell’Impero Romano“.
Se você se gosta de arqueologia e história do Império Romano, e dispõe de tempo na Cidade Eterna, visitar as ruínas do Estádio de Domiciano pode ser um passeio de grande proveito no seu roteiro turístico.
Dicas de Roma: estádio do imperador Domiciano. Um pouco de história
O imperador Domiciano
O imperador Romano Domiciano (Domiziano, em italiano), nascido em 24 de outubro de 51 d.C. e falecido em 18 de setembro de 96 d.C., foi imperador entre 14 de setembro de 81 d.C. até a sua morte.
Governou Roma com grande paixão aos trinta anos de idade, tendo o seu império durado quinze anos, e terminou sua vida assassinado pelos senadores que tinha desprezado.
Domiciano deixou sinais de sua dedicação administrativa, em especial a decoração da cidade com monumentos e instalações destinadas aos espetáculos.
Ele completou a construção do Coliseu e das Termas Imperiais, iniciou a reconstrução do Circo Massimo após um incêndio e construiu o estádio homônimo cujos restos encontram-se hoje na Praça Navona, centro histórico de Roma (Patrimônio UNESCO).
Estádio de Domiciano: o primeiro em alvenaria
Seguindo os passos de seu pai Vespasiano e do irmão Tito, e como fizera antes Nero, Domiciano sabia bem que divertir o povo servia para entretê-lo e para manter a calma social.
A importância do Estádio está no desejo do imperador de sensibilizar e envolver os romanos na prática do atletismo, esporte por excelência, e demais esportes não violentos.
Na história da Antiga Roma, o Estádio de Domiciano é o primeiro e único exemplo de estádio em alvenaria, construído no Campo Marzio, entre os anos de 85-86 d.C., para celebrar o Certame Capitolino Iovi, competição quinquenal instituída para inaugurá-lo em 86 d.C., uma imitação das provas olímpicas.
O estádio era destinado principalmente às competições de atlética, com destaque para a corrida.
A pista onde eram realizadas as provas tinha o comprimento de um estádio, unidade de medida correspondente a 600 pés.
De onde vem a palavra “atleta”?
A palavra atleta deriva de “athla”, que em grego significa “prêmio”: assim, indica aquele que concorre ao prêmio.
O verdadeiro objetivo da construção do Estádio de Domiciano era levar para Roma os jogos atléticos gregos apreciados pelo imperador, mas pouco amados pelos romanos que os consideravam imorais e pouco viris porque não eram árduos e nem violentos.
Na verdade, tratava-se de um jogo heterogêneo de competições esportivas e artísticas em que a roupa era bastante lasciva.
Um projeto visionário com o qual se procurou “romanizar” as olimpíadas gregas. O edifício, que media 275 metros de comprimento por 106 metros de largura, podia receber cerca de 30.000 espectadores.
Os jogos eram denominados agones, e o nome da praça deriva da palavra agones, a qual virou agone, innagone, navone, e, então, Navona.
Os restos do Estádio Romano
Os restos do Estádio de Domiciano estão em uma área que compreende Praça Navona, Praça dei Tor Sanguigna e Via di Tor Sanguigna, a cerca de 4,50 metros do nível da estrada.
A área arqueológica é o quanto existe do primeiro e único exemplo de estádio em alvenaria conhecido até hoje em Roma, depois das experiências provisórias construídas em madeira por César e Augusto, e é um dos raros testemunhos, junto com aquele de Pozzuoli, conhecidos fora da Grécia e da área oriental até hoje.
Quem comandava os jogos era o próprio Imperador Romano Domiciano, que tinha a cabeça ornada com uma coroa de ouro e a efígie de Júpiter, Jânio e Minerva, e vestido com uma toga púrpura à grega.
Musicum, equestre, gymnicum
O Certame Capitolino era tríplice (musicum, equestre, gymnicum), isto é, articulado em competições de diversos tipos: provas iniciais de poesia grega e latina que eram realizadas no Odeon, edifício construído por ordem de Domiciano, perto do Estádio.
Depois eram realizadas as competições musicais, representações teatrais e equestres (estas últimas deviam ser feitas no Circo Massimo, edifício no qual Domiciano começou um grandioso trabalho de reconstrução, posteriormente finalizado por Trajano).
Por último, aconteciam as provas esportivas estruturadas no ciclo olímpico grego: atlética leve (corridas de vários tipos), atlética pesada (luta, pugilato e pancrácio), além das provas reunidas no pentatlo (corrida, lançamento de disco, salto, lançamento de dardo, luta).
A competição mais importante era a corrida do estádio (cerca de 180 metros), cuja pista devia ser de terra batida.
Praça Navona era alagada para divertir os romanos
Os príncipes e o povo se divertiam alagando Praça Navona durante o verão e tomando banho, mas também realizando jogos e outras brincadeiras.
Em 1600, Papa Inocêncio X mandou decorá-la pelos grandes arquitetos da época, construindo no seu centro a famosa “Fontana dei Fiumi”.
O povo, porém, não aprovava todas essas despesas feitas para as obras de arte, já que o Papa as financiava aumentando as taxas sobre o sal e a carne.
A estátua falante de Pasquino, situada nas proximidades da praça, era usada como porta-voz do povo: assim, sobre o dorso de Pasquino eram pendurados cartazes com denúncias anônimas:
Mais que coruchéus e fontanas, queremos pão, pão, pão, pão!! (tradução livre).
Estádio do imperador Domiciano – informações práticas
Para todas as informações atualizadas sobre horários e ingressos, consulte diretamente o site oficial Stadio di Domiziano.
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* Texto baseado no site italiano Stadio di Domiziano.
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