Algum dia você já se perguntou o porquê do nome Itália? De onde veio esta palavra que denomina o país europeu, berço do Império Romano, do Renascimento, da Igreja Católica?
Para responder a esta dúvida, devemos fazer uma viagem ao sul da península itálica, em um passado longínquo, onde tribos cultuavam certos animais como seus guardiões.
Mas também não faltam hipóteses ligadas a outras lendas para explicar a origem do nome Itália.
❓ Qual a origem do nome Itália? De onde vem esta palavra?
Carla Marcato, autora do livro Nomi di persona, nomi di luogo (Il Mulino, Bologna, 2009, p. 138), escreve (tradução livre minha):
Itália é um nome de tradição clássica, em origem com referência à extremidade meridional da Calábria: estende-se depois à península com o avançamento da conquista romana.
A sanção oficial do nome acontece com Otaviano, em 42 a.C., enquanto a união administrativa com as ilhas ocorre com Diocleciano (diocesi italiciana).
No decorrer dos séculos, permanece a tradição erudita (a evolução popular do latim Italia teria sido Itaglia, Idaglia, segundo a área geográfica). A origem do nome é discutida e incerta. Alguns supõem que derive de uma forma de origem osca e corresponda à Viteliu, próximo ao umbro vitluf ‘vitelo’, latim vitulus.
Para outros, teria o sentido de “terra dos ítalos”, povo que teria tido como totem o vitelo (italos), assim a denominação fundamentar-se-ia no uso antiquíssimo de divinizar o animal totem da tribo; ou, então, “o país da tribo dos ítalos”, nome totêmico de *witaloi ‘filhos do touro’.
Não faltam as interpretações lendárias, como aquela do príncipe Ítalo, o herói epônimo que teria dominado o sul da península. Há também o mito segundo o qual, Héracles, ao atravessar a Itália para conduzir até a Grécia o rebanho de Gerião, perde um exemplar de gado e o procura afanosamente.
Tendo conhecimento de que na língua indígena o animal se chama vitulus, então chama Outalía toda a região.
A tese de Giovanni Pascoli
Se a voz da ciência linguística não tivesse que satisfazer completamente o sentimento nacional que, em ocasião dos cento e cinquenta anos da União da Itália, parece ter sido difundido em boa parte pelos italianos, aludimos à imagem evocada por Giovanni Pascoli para o cinquentenário do então Reino de Itália, na oração aos jovens alunos da Real Academia Naval (Italia! Zanichelli, Bologna, 1911, p. 7).
O poeta fala próprio da antiga terra que, depois, chamou-se Itália, mas que ainda “não tinha o seu nome”, daquelas tribos, “melhor que povos”, que tomavam o nome de um animal sagrado:
Um desses povos tomava o nome do “boi”.
Narravam de terem chegado às suas sedes seguindo um touro.
Eles teriam feito o animal sagrado percorrer um longo caminho: naqueles grandes montes por todo o território silvestre, atravessando por conta própria outros montes, olhando rápidos rios, sob um céu sempre azul, sob um sol cada vez mais ardente.
Mas eis que o boi líder berrou, parando. Em frente a ele, um rio intransponível. Na outra riba, ao longe, uma montanha fumava: à noite, o fumo teria se tornado um anseio de chama.
O próprio povo parou, estendeu-se ao longo da praia (aquele rio era o mar), propagou-se, fundou cidades e, enfim, desvaneceu.
Ítalo, o touro
Não houve lembrança, a não ser do nome do touro que os havia guiado e era o sinal, considerando-se o progenitor. Na língua deles, chamava-se ITAΛΟΣ: Italo (Ítalo).
Onde, naquele limbo de terra extrema sobre o mar, cerca de dois milênios e meio atrás, já se indicava com o nome sacro de Itália.
*Fonte: Tradução livre e adaptação minhas do texto de Matilde Paoli, da Accademia della Crusca.