A primeiríssima música romana foi, sobretudo, popular e religiosa: tratavam-se geralmente de composições fúnebres, cantos religiosos, canções conviviais e pequenas estrofes satíricas.
Por um lado, suas origens são pouco conhecidas: para entender o gosto dos romanos no quesito música é necessário levar em consideração o contato de Roma com a arte helenística.
Contato de guia brasileira na Itália
Como eram a música e a dança no Império Romano?
A dança e a música dos gregos
Para os gregos, dança e música representavam simbolicamente a harmonia universal como base do sistema do mundo: o culto divino, a ciência, a filosofia, o teatro e a poesia eram profundamente conectados com a música e a dança e faziam parte integrante da civilização e da educação gregas.
É preciso considerar que esse tipo de mística musical já estava degenerada no momento em que os romanos se aproximaram do mundo grego.
Além disso, a arte musical da época alexandrina tendia a se tornar uma tradição superada nos estudos e um simples virtuosismo nas manifestações públicas.
O choque da música e das danças gregas em Roma
Quando chegaram a Roma, músicas e danças gregas tinham particulares características de entusiamo e acabaram provocando reações negativas no ambiente austero da república.
Em pleno segundo século antes de Cristo, o próprio Cipião Emiliano, que era um protetor das letras e das artes, estigmatizou severamente os cursos de dança e de música criados há pouco tempo e considerava-os uma afronta aos bons costumes.
Mais tarde, Salústio fala de uma grande dama da aristocracia romana (a mãe de Brutus) que tocava a lira e dançava com maior habilidade de quanto se exigia de uma mulher honesta.
Uma moda que se consagrou
Todavia, reclamações e alusões a esse tipo de gênero não podiam obstacular o desenvolvimento de uma moda que se propagava rapidamente e, sob o império, parou de se submeter a preconceitos morais.
Até os próprios imperadores, figuras ideais de uma humanidade quase divina, que recebiam toda a atenção da população, exaltavam-se por ser, pelo menos, “bons amadores” dessas artes.
Imperadores romanos e artistas
Assim, Calígula, Britânico, Tito, Adriano, Cômodo, Eliogabalo e Alexandre Severo mereceram, por esse propósito, elogios de seus biógrafos.
Até o imperador Nero pretendia ter todo o talento de um artista profissional.
Pueri symphoniaci
Os nobres e os ricos, imitando o imperador, não somente procuravam descobrir um talento pessoal, mas mantinham verdadeiras e próprias orquestras de jovens escravos – pueri symphoniaci – que os acompanhavams em suas viagens e alegravam seus banquetes.
Durante a célebre festa de Trimálquio, escrito na época de Nero, tudo foi realizado ao som de música: música para cortar a carne, música para a limpeza das salas, etc.
Dançarinas, geralmente exóticas, africanas ou orientais, ritmando seus passos com pandeiretas ou castanholas, levavam sua graça a essas festas.
O privilégio de alguns no mundo das artes
Alguns artistas, capazes de realizar números excepcionais, tinham um lugar eminente na alta sociedade: mimados pelos senhores, adulados pelas mulheres, obtinham oportunidades fabulosas e cobravam preços exorbitantes por suas aulas.
Até o imperador Vespasiano, conhecido pela sua avareza, não limitava seus gastos quando se tratava de artistas.
O declínio da música
Essa procura pelo talento e pelo inédito, essa adoração pelo “divo” que encontra o seu lugar no teatro, causou o declínio dos estudos musicais como arte liberal e como formação cultural.
E se a dança e o canto nunca foram excluídos dos programas de instrução geral, eles passaram a ocupar um lugar sempre menos importante e só o canto coral conservou algum certo prestígio.
Ademais, a transformação dos instrumentos, que se tornavam cada vez mais difíceis de tocar, restringiam a sua prática pelos amadores.
A lira e o aulo
Na Grécia Antiga Clássica, os dois instrumentos musicais de base eram a lira, uma espécie de pequena arpa com sete cordas, e o aulo, o qual pode ser comparado ao nosso oboé, que tinha sete ou oito canas de comprimento desigual e era tocado em árias pastoris.
É compreensível, portanto, que a música romana tenha morrido por uma crise de gigantismo na qual o bom gosto não havia lugar.
O seu caráter barulhento, sua sensualidade e sua ligação com uma coreografia de má qualidade só podiam suscitar desdém no pensamento cristão.
O advento da música sacra
E foi por isso que muitos padres da igreja, nos séculos IV e V, chegaram a condenar radicalmente o canto e os instrumentos no culto cristão.
Mas essa atitude intransigente parou de prevalecer e sabe-se que, a partir do final do século IV, Santo Ambrósio criou a música sacra que leva o seu nome e, naturalmente, inspira-se em parte à música profana da sua época.
Contato de guia brasileira na Itália
*Referência bibliográfica: “Tutto su Roma Antica”. Texto de Paolo Emilia Arias. Ed. Bemporad Marzocco, Florença, 1963 (tradução livre minha para este post).
2 comments
Amei valeu, me ajudou muito☺
Bom dia, Elenice,
Fico contente 🙂