Desde a época da República Romana – entre o ano 500 e 400 a.C. –, os romanos diferenciavam duas categorias de deuses: as divindades mais antigas, próprias da religião originária da vetustíssima Roma, e as divindades mais novas, as quais os romanos conheceram através de outras famílias itálicas, dos etruscos ou dos gregos italiotas, e incorporaram em sua religião oficial.
As primeiras eram indicadas com o nome de di indigetes (deuses nacionais romanos), as segundas como di novensiles (deuses recentemente consagrados).
🔱 Os mais antigos deuses indígetes foram:
🔱 Os mais antigos deuses romanos num mundo de fábulas
Júpiter
Júpiter (Iuppiter, de Iovis pater) é o deus do céu que concede luz aos homens, atira um raio (I. Fulgurator) ou envia a chuva (I. Pluvius).
Ele era venerado em Roma desde épocas antiquíssimas, e o seu principal santuário surgia no Campidoglio: no templo capitolino, por essa razão, Júpiter – com o nome de Iuppiter Optimus Maximus – era venerado como a divindade protetora do Estado, da lealdade e dos juramentos, sendo um doador generoso de vitórias.
A Júpiter eram consagrados os Idos.
Marte
Marte (Mars ou Marspiter) apresenta-se sob dois aspectos: como divindade da agricultura ou como divindade da guerra.
Como deus da agricultura, protege os campos semeados e as plantações primaveris. A ele é dedicado o mês de março e as festas de purificação dos campos, principalmente as Ambarvais do mês de maio.
am·bar·vais
substantivo feminino plural
Festas romanas em honra de Ceres, para que a deusa tornasse férteis os campos.
Como deus da guerra, ele protege a terra das devastações do inimigo e vigia o exército em campanha militar: sob esse aspecto era venerado em dois antiquíssimos santuários, no Campo Marzio e na Regia del Foro, onde estão conservadas as armas sagradas do deus: escudos e hastes.
A Marte eram dedicadas uma série de festas, celebradas em março e em outubro, isto é, no início e no fim da temporada de guerras.
Quirino
Quirino (Quirinus pater) foi também um deus muito venerado na Antiguidade, porém seu culto declinou posteriormente.
Era o deus dos Quirites, isto é, dos romanos armados (“os armados com lanças”, do antigo vocábulo quiris = lança).
Nos séculos seguintes, a lenda narrou que Quirino fosse o próprio Rei Rômulo, o qual subiu ao céu depois da sua morte.
Júpiter, Marte e Quirino constituíram, na Antiga Roma, uma tríade divina, a reunião dos três principais deuses da cidade.
No culto de cada um desses deuses, havia um sacerdote particular, chamado flâmine, eleito pra sempre pelos patrícios.
Assim, existia um flâmine Dialis (de Júpiter), um flâmine Martialis e um flâmine Quirinalies.
Juno
Juno (Iuno) é a divindade feminina correspondente à Júpiter. Ela também é, assim, uma deusa do céu, especialmente do céu noturno e da lua que o ilumina (I. Lucina).
E já que, antigamente, os meses do ano eram contados segundo o curso da lua, assim era natural que Juno protegesse o princípio de cada mês, em correspondência à lua nova: por isso, a Juno eram consagradas as calendas.
Juno, considerada mais tarde sob o modelo grego, a esposa de Júpiter, tornou-se também uma deusa do matrimônio e da vida conjugal das mulheres em geral (I. Pronuba, protetora dos partos).
Como protetora do Estado, ao lado de Júpiter Óptimo Máximo, ela recebeu mais tarde os epítetos de Mater e de Regina.
Jano
Jano (Ianus, Ianus pater) foi originariamente a divindade da porta, do ingresso, do arco pelo qual se entra em qualquer lugar (ianus).
De deus do ingresso ao deus do princípio, a passagem é breve: assim, Jano tornou-se logo a divindade que vigia o iniciar da vida em base ao princípio do dia (I. matutinus), do mês e do ano.
A ele foi consagrado o primeiro mês (Ianuarius) e a primeira festa do ano.
Vesta
Vesta (Vesta) é a divindade do seio doméstico, símbolo da santidade e da eternidade dos afetos familiares. Vesta era também venerada, com solenidade especial, como protetora da chama do Estado (Vesta pubblica populi Romani Quiritium), guardado em um pequeno templo no Fórum, por um grupo de sacerdotisas, chamadas próprio de Vestais.
Penates e Lares
Divindades da família foram também os Penates (di Penates) e os Lares (Lares): os primeiros são os deuses da despensa (penus), cujo dever é prover à família a ajuda e assistência quotidianas.
Os segundos são os verdadeiros e próprios membros familiares, que vigiam especialmente o perpetuar da família e da estirpe.
O culto dessas divindades era estritamente ligado àquele de Vesta, e como se venerava uma deusa Vesta pública, assim também foram públicos Penates e Lares, cujo culto principal tinha sede no mesmo templo de Vesta.
Netuno

Netuno (Neptunus), deus do elemento líquido em geral, tornou-se mais tarde, depois da sua assimilação com o deus grego Poseidon, uma divindade do mar, protetor dos marinheiros e da navegação, mas também dos cavalos.
Saturno
Enfim, Saturno (Saturnus) era o deus da agricultura, protetor da semente na terra, um anunciador de bem-estar e riqueza para os homens.
A sua festa (Saturnalia, em 17 de dezembro), era um dia de tripúdio geral, do qual participavam livremente também os escravos, que esqueciam, pelo menos por um dia, a dura submissão aos seus proprietários.
*Referência bibliográfica: “Tutto su Roma Antica”. Texto de Giulio Giannellil. Ed. Bemporad Marzocco, Florença, 1963 (tradução livre minha para este post).
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