Diferentemente dos episódios anteriores, publicados no You Tube, a partir do Livro de Juízes, a série A Divina Beleza do Antigo Testamento na arte italiana passa a ser em formato de texto e imagens, como conteúdo exclusivo do Clube de Assinatura do blogue.
Selecionei seis obras para o livro Juízes e cinco para o de Rute.
As obras estão nas seguintes cidades italianas: Bérgamo, Roma, Bolonha, Gênova, Turim, Veneza, Nápoles, Cesena, Milão e Urbino, além do Estado da Cidade do Vaticano.
🖼️ Antigo Testamento: o livro Juízes em algumas obras de arte italiana
A profetisa Débora
A pintura que retrata a profetisa Débora é uma obra de Mariani Cesare (1826-1901), exposta na Igreja do “Santissimo Nome di Gesù all’Argentina“, em Roma.
Débora, uma profetisa, mulher de Lapidote, liderava Israel naquela época.
Ela se sentava debaixo da tamareira de Débora, entre Ramá e Betel, nos montes de Efraim, e os israelitas a procuravam, para que ela decidisse as suas questões.
Juízes 4:4,5
Débora e Baraque
Débora e Baraque é uma pintura de Nicolò Malinconico (1663-1721), realizada por volta de 1693-1694, e está na Basílica de Santa Maria Maior (Santa Maria Maggiore), em Bérgamo, Lombardia.
A pintura relata um episódio retirado do livro dos Juízes (4,5): a profetisa Débora anuncia a Baraque que não será ele a matar o general Sísera, comandante das tropas inimigas, mas uma mulher de nome Jael, escolhida por Deus para o desafio.
Débora mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, de Quedes, em Naftali, e lhe disse: “O Senhor, o Deus de Israel, lhe ordena que reúna dez mil homens de Naftali e Zebulom e vá ao monte Tabor.
Ele fará que Sísera, o comandante do exército de Jabim, vá atacá-lo, com seus carros de guerra e tropas, junto ao rio Quisom mulher, e os entregará em suas mãos”.
Juízes 4:6,7
Jael mata Sísera
Jael mata Sísera é uma pintura de Jacopo Amigoni (1675-1752), do estilo Barroco Tardio, exposta no Museu de Ca’ Rezzonico, em Veneza.
Jael saiu ao encontro de Sísera e o convidou: “Venha, entre na minha tenda, meu senhor. Não tenha medo! ” Ele entrou, e ela o cobriu com um pano.
“Estou com sede”, disse ele. “Por favor, dê-me um pouco de água. ” Ela abriu uma vasilha de leite feita de couro, deu-lhe de beber, e tornou a cobri-lo.
E Sísera disse à mulher: “Fique à entrada da tenda. Se alguém passar e perguntar se há alguém aqui, responda que não”.
Entretanto, Jael, mulher de Héber, apanhou uma estaca da tenda e um martelo e aproximou-se silenciosamente enquanto ele, exausto, dormia um sono profundo. E cravou-lhe a estaca na têmpora até penetrar o chão, e ele morreu.
Juízes 4:18-21
Abimeleque
Abimeleque é um afresco de Giuseppe Cesari, conhecido como Cavalier d’Arpino (1568-1640), exposto na Cartuxa de San Martinho, em Nápoles.
Abimeleque, filho de Jerubaal, foi aos irmãos de sua mãe em Siquém e disse a eles e a todo o clã da família de sua mãe:
“Perguntem a todos os cidadãos de Siquém: O que é melhor para vocês: ter todos os setenta filhos de Jerubaal governando sobre vocês, ou somente um homem? Lembrem-se de que eu sou sua própria carne”.
Os irmãos de sua mãe repetiram tudo aos cidadãos de Siquém, e estes se mostraram propensos a seguir Abimeleque, pois disseram: “Ele é nosso irmão”.
Juízes 9:1-3
Sansão entrega aos pais o favo de mel
Sansão entrega aos pais o favo de mel é um pintura de Barbieri Giovan Francesco (1591-1666), conhecido como Guercino, exposta na Galeria Borghese, em Roma.
Algum tempo depois, quando voltou para casar-se com ela, Sansão saiu do caminho para olhar o cadáver do leão, e nele havia um enxame de abelhas e mel.
Tirou o mel com as mãos e o foi comendo pelo caminho. Quando voltou aos seus pais, repartiu com eles o mel, e eles também comeram. Mas não lhes contou que tinha tirado o mel do cadáver do leão.
Juízes 14:8,9
Sansão vitorioso
O Sansão vitorioso, uma das obras mais famosas de Gudio Reni (1575-1642), foi comissionada pelo conde Luigi Zambeccari como decoração para uma lareira na sua casa, em via Riva di Reno, Bolonha.
Hoje a obra está exposta na Pinacoteca Nacional de Bolonha.
A pintura foi comprada depois pelo cardeal Girolamo Boncompagni para evitar que fosse vendida no exterior e a doou ao Senado da cidade em 1684.
Sansão, o valoroso combatente do Antigo Testamento, é representado no campo de batalha enquanto bebe na mandíbula de um jumento, com a qual havia terminado de matar mil filisteus, exemplificados nos corpos caídos por terra.
Um erro da antiga tradução do texto bíblico havia confundido o nome do lugar da batalha, denominado Monte da Mandíbula, com o próprio osso, gerando a iconografia na qual vemos a água que não brota de uma rachadura da rocha, mas da própria mandíbula.
Sansão é a expressão mais alta daquele ideal de equilíbrio, beleza e harmonia no qual Guido Reni se inspirava.
Para representá-lo, o pintor estuda uma pose que recupera o modelo da estátua clássica do Apolo do Belveder, hoje nos Museus Vaticanos.
O filtro da beleza antiga anula cada traço de sofrimento e de cansaço pela luta terminada há pouco.
Um maior naturalismo já é perceptível nos corpos dos filisteus, empilhados por terra, sangrando e trágicos, deixados na sombra em forte contrasto com a luminosidade de Sansão vencedor.
Quando ia chegando a Leí, os filisteus foram ao encontro dele aos gritos. Mas o Espírito do Senhor apossou-se dele. As cordas em seus braços se tornaram como fibra de linho queimada, e os laços caíram das suas mãos.
Encontrando a carcaça de um jumento, pegou a queixada e com ela matou mil homens.
Juízes 15:14,15
🖼️ Antigo Testamento: o livro de Rute na arte italiana
Rute
Rute faz parte de um afresco que decora o tambor da Basílica de Santa Maria do Monte, em Cesena, região Emília-Romanha, realizado por Giuseppe Milani, entre 1773 e 1774.
Ao lado de Rute estão também Noé e Josué.
“Olhe, sua cunhada voltou para o povo e para os deuses dela”, disse Noemi a Rute. “Você deveria fazer o mesmo!”
Rute respondeu: “Não insista comigo para deixá-la e voltar. Aonde você for, irei; onde você viver, lá viverei. Seu povo será o meu povo, e seu Deus, o meu Deus.
Onde você morrer, ali morrerei e serei sepultada. Que o Senhor me castigue severamente se eu permitir que qualquer coisa, a não ser a morte, nos separe!”.
Rute 1:15-17
Rute e Noemi
Rute e Noemi é uma pintura que decora a parte de cima de uma porta, no Palácio Chiablese (Turim), obra de Vittorio Amedeo Cignaroli (cerca de 1781).
Segundo o estudioso Alberto Cottino, a cena representa “Rute que, ao ficar viúva, decide seguir a sogra Noemi em Belém (uma moça que sustenta uma mulher idosa) no ato de interprender uma viagem.
Quando Noemi viu que Rute estava decidida a ir com ela, não insistiu mais.
Então as duas seguiram viagem. Quando chegaram a Belém, toda a cidade se agitou por causa delas. “Será que é mesmo Noemi?”, perguntavam as mulheres.
Rute 1:18,19
Rute nos campos de Boaz
Rute nos campos de Boaz é uma pintura de Camillo Procaccini (1561 – 1629) e seu ateliê, conservada nos Conventos de Sant’Eustorgio, em Milão.
Tradicionalmente interpretado como a Parábola das colheitas, a pintura, na verdade, refere-se à história de Rute, narrada no livro bíblico homônimo.
A heroína é reconhecível na personagem feminina, que tem a intenção de colher. no centro da cena, suscitando a atenção de Boaz, proprietário do campo e que se casará com ela, gerando um filho que fará parte da progênia de Davi.
A obra refere-se à atividade tardia do pintor, por volta de 1620, momento em que para conseguir dar conta de todas as encomendas, é ajudado pelo seu ateliê.
Certo dia, Rute, a moabita, disse a Noemi: “Deixe-me ir ao campo ver se alguém, em sua bondade, me permite recolher as espigas de cereal que sobrarem”. Noemi respondeu: “Está bem, minha filha, pode ir”.
Rute saiu para colher espigas após os ceifeiros. Aconteceu de ela ir trabalhar num campo que pertencia a Boaz, parente de seu sogro, Elimeleque.
Rute 2:2,3
Rute, Boaz e Obed
Luneta afrescada por Michelangelo Buonarroti e representa Rute, Boaz e Obed, realizada entre 1511 e 1512 para a Capela Sistina, no Vaticano.
A identificação do personagem da direita com Boaz baseia-se somente em frágeis argumentos, já que na Bíblia está escrito que ele voltou a se alegrar na velhice por causa do nascimento de Obed, este representado à esquerda, nos braços da mãe Rute.
A mulher tem os olhos fechados, envolvida no abraço carinhoso com o filho adormecido e enfaixado.
Da roupa, Rute espõe um seio que lembra a amamentação feita há pouco: no passado, este detalhe foi escondido por um retoque eliminado no restauro recente.
O grupo mãe e filho é um dos mais tenros da série e contrasta vivamente, por atitude e por tonalidade cromática, com a figura do velho na parte oposta. Ele é representado de perfil, sentado, com uma mão sobre a base e a outra que segura um cajado, no qual está esculpida uma pequena cabeça barbuda que parece ser o seu retrato.
Boaz está todo curvado, o rosto enrugado e a velha barba projetada curiosamente pra frente.
Boaz levou Rute para a casa dele, e ela se tornou sua esposa. Quando Boaz teve relações com ela, o Senhor permitiu que ela engravidasse, e ela deu à luz um filho.
Rute 4:13
Noemi pegou o bebê, aninhou-o junto ao peito e passou a cuidar dele como se fosse seu filho.
As mulheres da vizinhança disseram: “Noemi tem um filho outra vez!”, e lhe deram o nome de Obede. Ele é o pai de Jessé, pai de Davi.
Rute 4:16,17
Jessé e Davi criança
Jessé e Davi criança é uma estátua de Alessio Pellegrini, do séc. XVII, e pertence a uma igreja católica de Urbino, região Marche.
O antigo patriarca, chefe da linhagem davídica, é representado em pé, com as pernas cruzadas: uma parte coberta pelas longas meias e a outra parte descoberta pela túnica curta.
A atitude é de quem olha admirado, para longe, enquanto embaixo, à direita, está o pequeno Davi que agarra um leão pelas suas mandíbulas.
Esta é a genealogia de Perez: Perez gerou Hezrom.
Hezrom gerou Rão. Rão gerou Aminadabe.
Aminadabe gerou Naassom. Naassom gerou Salmom.
Salmom gerou Boaz. Boaz gerou Obede.
Obede gerou Jessé. Jessé gerou Davi.
Rute 4:18-22