Após publicar sobre a história do teatro romano, dedico esta postagem às origens do anfiteatro romano, um lugar que tem como ícone o famoso Coliseu de Roma, monumento que, na verdade, chama-se Anfiteatro Flávio (Anfiteatro Flavio, em italiano).
História do anfiteatro romano e do Coliseu de Roma
Os gladiadores
Cícero , na sua obra “Tusculanae” (II, 20, 46), expressa a opinião de que o mais evidente exemplo de desprezo pela morte seja dado por um combate de gladiadores; e era essa, na verdade, a opinião compartilhada por meio das carnificinas que aconteciam frequentemente e nas quais os romanos assistiam com grande prazer naquele período.
As lutas de gladiadores (munera gladiatorum), como todos os outros espetáculos, foram introduzidas em Roma sob o título de ritos religiosos, particularmente fúnebres, sendo uma recordação, talvez, do antiquíssimo costume samnítico de oferecer sacrifícios humanos sobre as tumbas de pessoas importantes.
Em Roma, na verdade, os primeiros combates aconteceram no funeral de Júnio Bruto, em 264 a.C., mas logo perderam seu caráter sagrado para constituírem unicamente uma diversão: para alguns, como se constatou, eram considerados até mesmo uma diversão instrutiva, essencialmente propícios:
para inflamar a coragem ao mostrar que o amor pela glória e o desejo de vencer podem residir até mesmo no corpo dos escravos e dos criminosos (Plínio, o Jovem, Pan. 33).
O domínio político por meio do combate físico
Mas se os eruditos eram bastante ingênuos para justificar os combates que testemunhavam somente uma espantosa dureza da alma, os políticos tinham bem clara a função das lutas dos gladiadores: construir e consolidar, graças ao fanatismo que esses combates suscitavam no povo, o seu próprio domínio.
Qualquer um, ao iniciar a carreira política, queria ter certeza da sua vitória na eleição e, por isso, não devia fazer outra coisa a não ser organizar um espetáculo de combates entre gladiadores, pagando do seu próprio bolso.
Munera gladiatorium
Infelizmente, chegou-se a um ponto que esse mal costume havia sido amplamente difundido e o Senado, em 63 a.C., para contê-lo, decidiu emanar uma lei que tornava automaticamente nula a eleição do magistrado que, no curso dos dois anos precedentes à votação, tivesse organizado algum tipo de luta.
Todavia, Pompeu e Júlio César se aproveitaram extremamente da munera gladiatorium para aumentar o próprio prestígio pessoal: por coincidência, deve-se a um amigo de César a invenção do anfiteatro.
Características do anfiteatro romano
Até então, os gladiadores pediam hospitalidade no circo ou nas praças que eram construídas. Estas eram, às vezes, paliçadas provisórias.
Mas em 53 ou 52 a.C., um amigo e secreto financiador de Júlio César, Caio Escribônio Curião, o Jovem, candidato ao tribunado, decidiu impostar a própria campanha eleitoral sobre uma jornada de lutas cênicas combinadas com um combate de gladiadores e, para tornar mais memorável o espetáculo, teve a ideia genial de construir dois teatros de madeira montados sobre pernos.
A arena
No fim das representações cênicas, os dois teatros que estavam, por assim dizer, coluna contra coluna, foram rodados, com todo o público em cima, de forma que os extremos das cáveas se juntassem.
Retirados os palcos, entre os dois teatros veio à tona um espaço de forma elíptica: a arena.
Esse foi o primeiro anfiteatro da história. Júlio César logo o adotou e mandou construir outro para comemorar o seu quádruplo triunfo em 46 a.C., mas a estrutura era feita de madeira e era provisória.
Assim, o primeiro anfiteatro estável, que depois foi destruído durante o grande incêndio de Roma, em 64 d.C., foi aquele construído em 29 a.C. por C. Statilio Tauro, parente de Augusto.
Construção do Anfiteatro Flávio, o Coliseu de Roma
Onze anos depois do grande incêndio de 64 d.C., o imperador Vespasiano mandou enxugar o lago artificial da Domus Áurea, entre as colinas de Vélia, Célio e Esquilino, nivelou o terreno e começou a construir sobre essa área um outro anfiteatro de grandes proporções, usando enormes blocos de travertino das cavas tiburtinas, os quais, para serem transportados, foi necessário abrir uma nova estrada larga de seis metros.
Com a morte de Vespasiano, o imperador Tito terminou a construção do anfiteatro e inaugurou-o em 80 d.C. com cem dias consecutivos de lutas.
O Colosso do Sol
Mais tarde, Domiciano, que sucedeu seu irmão, completou a obra ornando-a com estátuas, frisos e escudos de bronze.
Edificado ao lado do Colosso do Sol, o Anfiteatro Flávio foi comumente chamado de Coliseu: tinha cerca de 45.000 lugares sentados e 5.000 em pé.
O público entrava através de setenta e seis portas numeradas em um total de oitenta (as outras quatro eram as portas de serviço).
Recapitulando…
O verdadeiro nome do Coliseu é Anfiteatro Flávio porque foi construído por Vespasiano e Tito, ambos imperadores da dinastia flaviana (ou dinastia flávia).
A arena tinha uma superfície de 3600 metros quadrados e era circundada por uma rede metálica de proteção.
Sob a arena, ficavam organizadas as gaiolas com os animais, corredores, andares inclinados e elevadores destinados à parada e ao alçamento das feras até a arena, superfície onde eram realizados os espetáculos.
Horários e ingressos do Coliseu, Roma
- controle os horários diretamente no site oficial do Coliseu.
- Site da cooperativa para comprar os ingressos on-line aqui (italiano e inglês).
- Para a sua comodidade, compre on-line o seu ingresso para o Coliseu + Foro Romano + Palatino com Tiqets AQUI.
Tours no Coliseu com guia brasileira profissional
*Referência bibliográfica: Livro “Tutto su Roma Antica”. Texto de Aldo Neppi Modona. Ed. Bemporad Marzocco, Florença, 1963 (tradução livre minha para este post).
11 comments
Adorei!!!