O carnaval é a maior festa do inverno, no hemisfério norte, e do verão, no hemisfério sul, e nos países católicos precede a Quaresma que, com os seus quarenta dias de penitência, prepara as festas de Páscoa.
Nos tempos antigos, o carnaval era também uma grande festa da fertilização da terra que devia acordar depois do sono invernal e nutrir os rebanhos, manadas e os seres humanos.
O carnaval unia ritos de fertilização com a alegria. Rir espanta a morte e o luto: tradições antiquíssimas ligam o riso, as danças e as brincadeiras à fecundação da natureza e dos homens.
🎉 Como era o carnaval no Império Romano?
Origens do carnaval
Não se sabe ao certo de onde venha o nome ‘carnaval’: há quem diga que derive de car navalis, o ritual do navio sagrado levado em procissão sobre um veiculo de rodas; segundo outros, significa carnes levare (“tirar a carne”) ou carne vale (“carne, adeus”) e alude aos jejuns quaresmais, já que o carnaval termina com a Terça-Feira Gorda, o dia que precede, nos países católicos, a Quarta-Feira de Cinzas.
No mesmo período em fevereiro, eram celebrados na Roma Antiga vários rituais que deixaram suas marcas no carnaval atual, pois fevereiro era o mês das purificações.
O escritor latino Macróbio recorda que o mês era dedicado ao deus Februus:
Durante este mês, é necessário purificar a cidade e celebrar os rituais fúnebres para os Manes, divindades do mundo subterrâneo.
Festas em homenagem a Marte e a Fauno
A passagem do inverno para a primavera consentia um contato com o mundo do além: os defuntos necessitavam de cerimônias em homenagem a eles, como acontece hoje nas sociedades primitivas que veneram os mortos nos períodos de mudança de estação.
Sobre o mês de fevereiro, diz o poeta Ovídio:
honram-se também as tumbas, são apaziguadas as sombras dos avós e levam-se pequenas ofertas aos sepulcros. Pouco pedem os Manes, pois agradecem a piedade como uma rica oferta… Basta cobrir a pedra da sepultura com coroas, oferendas e é suficiente espalhar grãos com um pouco de sal, preces e gestos do ritual.
Nas cerimônias de purificação e de comemoração se entrelaçavam rituais de fecundação, como nas Lupercálias, festas antiquíssimas em homenagem a Marte e a Fauno.
O riso que derrota o luto
Durante o carnaval, festejava-se a fecundação da terra que, depois de acordar do sono de inverno, devia nutrir os animais e os seres humanos. Um grande valor tinham os rituais de fecundação e o riso.
Ao riso, na verdade, atribuía-se o poder de desafiar a morte e o luto, e algumas tradições bem antigas já o ligavam à fertilidade da natureza e dos homens. Muitas populações semeavam rindo as hortaliças e para os gregos e os romanos, Ghelos e Risus, divindades do riso, eram sagradas e veneradas.
Porque Deus riu e, assim, nasceram os sete deuses…
Em um papiro, está escrito que
Deus riu e nasceram os sete deuses que governaram o mundo. Na sua primeira risada, apareceu a luz. Começou a rir a segunda vez e apareceu a água, e com sucessivas risadas vieram ao mundo Hermes, o Destino e Psique.
Nos mitos dos mistérios Eleusinos, a grande cerimônia religiosa da Grécia Antiga em homenagem a Deméter, a deusa que perdeu a filha Cora e parou de rir, predica que todas as pessoas arriscam a morte: não nascem nem flores, nem plantas, nem animais, nem seres humanos.
Mas finalmente uma serva fez a deusa rir com um gesto vulgar e tudo passou a renascer e florescer.
O carnaval dos lobinhos
Na Roma Antiga, na manhã de 15 de fevereiro uma confraria de celebrantes chamados Luperci (“lobinhos”) reunia-se em uma gruta perto do Palatino, em Roma, conhecida como Lupercale, circundada por um bosque onde, segundo a lenda, a loba tinha amamentado Rômulo e Remo.
A cerimônia iniciava com a morte de algumas cabras e a apresentação de dois meninos nobres nos quais se marcavam as testas com o sangue das cabras e as purificavam com o leite: os dois meninos, então, começavam a rir, já que o riso era ligado à fertilidade.
Depois os lobinhos, com máscaras e pelo de lobo, cortavam a pele de cabra em tiras finas e as enrolavam como nossas serpentinas. Eles corriam freneticamente ao longo da Via Sacra e jogavam as serpentinas nas mulheres.
As matronas que queriam ter filhos se deixavam tocar repetidamente pelas serpentinas.
*Fonte: Tradução minha do texto italiano de Enciclopedia Treccani.
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