Antonio Vivaldi nasceu em Veneza, em 4 de março de 1678. Seu pai era violinista na capela da Basílica de São Marcos.
Bem cedo, Vivaldi foi ordenado sacedorte, ganhando o apelido de “padre vermelho” devido à cor de seus cabelos, mas praticamente nunca seguiu a vocação religiosa, dedicando-se a uma vida livre, com a companhia de cantores andarilhos.
A sua fama de músico se difundiu com rapidez e já em 1730 ensinava no Conservatório da Piedade (Conservatorio della Pietà).
Viveu em Mântua e em Veneza, e foi aclamado em todas as cidades da Europa, como em Roma, Amsterdã e Viena, onde morreu em 1741. A causa da sua morte é incerta.
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As quatro estações, de Antonio Vivaldi
A produção do compositor veneziano Antonio Vivaldi é enorme: quase 500 concertos, dos quais mais de 200 são para o violino, seu instrumento preferido. Era um virtuoso de tal instrumento que encantava o público com esmero e maestria.
As quatro estações
As quatro estações são o ciclo mais famoso das composições vivaldianas: trata-se de quatro concertos, inspirados cada um em uma estação do ano, e constituem um dos primeiríssimos exemplos de música descritiva.
A primavera
Concerto em Mi maior para violino, arcos e címbalo.
A música descreve passo a passo o andamento de cada episódio da primavera: o canto dos pássaros, o temporal e a dança final (o violino solista representa um pastor adormecido; as violas, o latrar do cachorro fiel; enquanto outros violinos representam as folhas farfalhantes).
Soneto de A primavera
Giunt’ è la Primavera e festosetti
La Salutan gl’ Augei con lieto canto,
E i fonti allo Spirar de’ Zeffiretti
Con dolce mormorio Scorrono intanto
Vengon’ coprendo l’aer di nero amanto
E Lampi, e tuoni ad annuntiarla eletti
Indi tacendo questi, gl’ Augelletti
Tornan di nuovo al lor canoro incanto:
E quindi sul fiorito ameno prato
Al caro mormorio di fronde e piante
Dorme ‘l Caprar col fido can’ à lato.
Di pastoral Zampogna al suon festante
Danzan Ninfe e Pastor nel tetto amato
Di primavera all’apparir brillante.
O verão
Concerto em Sol menor para violino, arcos e címbalo.
Trata-se, indiscutivelmente, do concerto de maior eficácia descritiva: a protagonista é a tempestade, que se ouve ao chegar de longe, no calor estivo, para depois explodir com toda a sua violência no final.
O solo descrive o pastor assustado pelo temporal repentino.
Soneto de O verão
Sotto dura stagion dal sole accesa
Langue l’huom, langue ‘l gregge, ed arde ‘l pino,
Scioglie il cucco la voce, e tosto intesa
Canta la tortorella e ‘l gardellino.
Zeffiro dolce spira, ma contesa
Muove Borea improvviso al suo vicino;
E piange il Pastorel, perché sospesa
Teme fiera borasca, e ‘l suo destino;
Toglie alle membra lasse il suo riposo
Il timore de’ lampi, e tuoni fieri
E de mosche, e mosconi il stuol furioso:
Ah che pur troppo i suoi timor sono veri
Tuona e fulmina il cielo grandinoso
Tronca il capo alle spiche e a’ grani alteri.
O outono
Concerto em Fa maior para violino, arcos e címbalo.
O protagonista do concerto é Baco: Vivaldi reproduz, em modo magistral, a embriaguez provocada pelo vinho, enquanto no segundo momento, o central do título os “Dormienti ubriachi“, sente-se o clima extasiado e tranquilo depois da festa.
O terceiro movimento, por fim, identifica-se com o tumulto e os ritmos da caça.
Soneto de O outono
Celebra il Vilanel con balli e Canti
Del felice raccolto il bel piacere
E del liquor di Bacco accesi tanti
Finiscono col Sonno il lor godere.
Fa’ ch’ ogn’ uno tralasci e balli e canti
L’aria che temperata dà piacere,
E la Staggion ch’ invita tanti e tanti
D’ un dolcissimo sonno al bel godere.
I cacciator alla nov’alba à caccia
Con corni, Schioppi, e cani escono fuore
Fugge la belva, e Seguono la traccia;
Già Sbigottita, e lassa al gran rumore
De’ Schioppi e cani, ferita minaccia
Languida di fuggire, mà oppressa muore.
O inverno
Concerto em Mi maior para violino e arcos.
Num primeiro momento, este concerto, de tons pastorais, foi concebido por Vivaldi para ser executado na igreja: toda a orquestra toca sempre quase “em surdina”, como se não quisesse perturbar os fiéis que oram em silêncio.
Soneto de O inverno
Agghiacciato tremar tra nevi algenti
Al Severo Spirar d’orrido Vento,
Correr battendo i piedi ogni momento;
E pel Soverchio gel batter i denti;
Passar al foco i dì quieti e contenti
Mentre la pioggia fuor bagna ben cento
Caminar sopra il ghiaccio, e a passo lento
Per timore di cadere bene;
Gir forte Sdrucciolar, cader a terra
Di nuovo ir sopra ‘l ghiaccio e correr forte
Sin ch’il ghiaccio si rompe, e si disserra;
Sentir uscir dalle ferrate porte
Scirocco, Borea, e tutti i venti in guerra
Quest’è ‘l verno, ma tal, che gioia apporte.
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*Tradução livre minha do texto em italiano de Luigi Candiano, astrônomo amador.